Na semana passada, a ONG Anjos da Tia Stellinha realizou o chamamento de 300 mulheres para o projeto "Mãe e Muito +". A iniciativa, além de fornecer apoio à terapia, assistência social, integração social e educação, vai financiar um cartão de alimentação no valor de R$100 durante três meses. Um dos principais objetivos do projeto é ajudar mães do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, por meio de cursos on-line e alguns encontros presenciais. Cerca de 400 mulheres se increveram para participar.
Segundo Stella Moraes, assistente social com especialização em família, criança e adolescente e, presidente da ONG, a ideia surgiu em meio a pandemia do novo coronavírus. Isso porque, quando as medidas preventivas começaram a ser adotadas no Rio de Janeiro, a sede acabou precisando fechar, trabalhando apenas com ações assistencialistas. Entretanto, para Stella, apesar das inúmeras doações, havia a preocupação com o pós-pandemia e como as famílias estariam vivendo.
"Quando o surto chegou ao Rio, recebemos diversos pedidos de ajuda das famílias do Morro dos Macacos. Assim, fizemos uma campanha de distribuição semanal de cestas básicas para as mães da comunidade. Contudo, nossa preocupação também estava em como seria após a pandemia. Foi aí que, ao longo de 11 semanas, começamos a fazer algumas pesquisas nas filas de entrega dos donativos. Neste período, atendemos 800 mulheres e realizamos muitas perguntas. Tudo, com o intuito de compreender qual era o perfil dessas mães e quais os serviços que a comunidade estava precisando", explicou Stella.
Ainda de acordo com a presidente, o levantamento conseguiu atingir sua meta, traçando as características das mulheres e as demandas sociais da região. Entre os principais traços foram identificados o nível de escolaridade, a faixa etária e a renda per capita.
"Muitas mulheres apontaram que não havia acesso à educação e a capacitação profissional. Apesar disso, muitas delas disseram que acreditam neste tipo de ideia para mudar vidas. A partir dessas informações colhidas, montamos o "Mãe e muito +", contou a presidente.
Ela ainda ressaltou que o projeto acredita no apoio dos setores da sociedade para mudar o cenário atual, principalmente, quando a pandemia acabar. Stella também destacou que a união do poder público, da população e do terceiro setor pode ser primordial nos resultados de transformação social.
"Se fala em "novo normal", mas para quem? Para essas mães, o normal nunca existiu e ele não tem nada de novo. Sabemos que a camada de mães da favela, mães negras, é a mais baixa na pirâmide do poder aquisitivo da sociedade. Para elas, o "novo normal" não vai existir. Afinal, o poder de resiliência das classes médias e altas em conseguir apoio para se reestabelecerem, as mães da favela não têm. Grande parte não possui nem e-mail, muito menos conta bancária. Como elas vão acessar o "novo normal"?, indagou a assistente social.
Diante da situação, o "Mãe e muito +" pretende oferecer oportunidades às mães da comunidade. O programa utilizará a metodologia do quadrilátero do apoio. Oferecendo terapia, assistência social, integração social e educação. O projeto trimestral também vai oferecer palestras sobre diversos temas.
Para participar, as interessadas tiveram que cumprir os seguintes requisitos: ser mãe do Morro dos Macacos, saber ler e escrever fluentemente, ter bom acesso à internet diariamente e ter propósito de melhora de vida. Com a repercussão, as vagas esgotaram rapidamente. Porém , por enquanto, a ONG não conseguirá um número maior de mulheres.
A sede do Grupo Anjos da Tia Stellinha fica Avenida Engenheiro Richard, N°25, Casa 201, no bairro do Grajaú, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Para maiores informações, ligue: (21)3496-5760.
