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Um passeio pela história

Grande Tijuca e seus diversos pontos turísticos: locais para visitar nestas férias

O portal Grande Tijuca e a turismóloga Luana Cunha relatam os points para desbravar na região

Imagem de destaque da notícia

Falar da região da Tijuca é falar de tradição, música, cultura. É falar da paisagem que cerca o Maciço do mesmo nome e divide a cidade e as regiões. Falar da Tijuca é falar do Tijucano, que é tão bairrista que criou a sensação de pertencimento pelo bairro. Quem mora no bairro orgulha-se em dizer: "Sou Tijucano". Não é para menos, apesar de fazer parte da zona norte a Grande Tijuca, não é considerada subúrbio e o próprio site da prefeitura confirma isso. Ela é sim a zona sul da zona norte, como muitos dizem. Seja por sua localidade privilegiada, por seu passado de luxo, quem nasce no bairro ou escolhe viver na Tijuca tem orgulho e não é para menos, somos de uma região rica e com grande diversidade.

Por tantos acontecimentos ao longo dos anos a região da Tijuca possui grande potencial turístico que deveria ser mais explorado, aliás, um dos pontos turísticos mais visitados no mundo fica na região da Grande Tijuca, você sabia disso? Contarei mais para frente, agora vou apresentar alguns locais históricos para deixar todo tijucano com mais orgulho da região.

IGREJAS

Começando pelo coração da Grande Tijuca, o bairro do mesmo nome abriga um dos grandes patrimônios da cidade do Rio de Janeiro, a Igreja de São Francisco Xavier, sua história se mistura com a formação do bairro e do próprio Rio de Janeiro. Em 1565, após a fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, a região onde hoje é a Tijuca foi ocupada pelos Jesuítas, que construíram sua fazenda e engenho, devido a isso a região é conhecida como Engenho Velho.

Na década de 1580 foi erguida uma ermida com a ajuda do padre José de Anchieta, onde pode-se lê ainda na fachada as palavras do mesmo: "Nessa igreja ensinamos a amar a Deus, a defender a família e a trabalhar pelo Brasil." Foi elevada à paróquia perpétua em 1795 sendo a primeira da Tijuca e de todo vicariato norte.

Entre seus fiéis paroquianos estava Duque de Caxias, que residia próximo ao local. Ele foi o responsável pela reconstrução da paróquia e recusou uma homenagem pelo feito dizendo: "Quando a casa de Deus está em ruínas, o soldado não recebe festas. "Ide reconstruir a igreja de minha freguesia do Engenho Velho".

Por toda importância social e religiosa da igreja, a região da Tijuca começou a desenvolver-se a partir do seu entorno.
No seu interior, há relíquias de grande valor e importância histórica: A pia batismal mais antiga em uso no Rio. data 1627 aproximadamente, a imagem de Nossa Senhora das Dores, que foi um presente da Imperatriz D. Teresa Cristina em 1880 e acreditem: um fragmento do osso do braço de São Francisco Xavier, doado pelo Papa Pio XI em 1931.

Por tamanha importância, em 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude, a Igreja foi um dos locais do Rio de Janeiro que o Papa Francisco escolheu visitar.

Outra igreja de grande importância para a cidade do Rio de Janeiro é a Igreja dos Capuchinhos, localizada na Rua Hadock Lobo.  Teve sua origem no Morro do Castelo, mas com o bota abaixo do governo Pereira Passos a mesma foi demolida junto com o Morro do Castelo e construída novamente onde hoje está situada.

A igreja foi construída em estilo neo-bizantino, o altar-mor é o mesmo que servia na antiga igreja do morro do Castelo, e abriga a imagem do nosso padroeiro, São Sebastião, esculpida em madeira, vinda da Itália após ser benta pelo Papa Pio IX.

Em frente à capela-mor, no chão, sob a mesma lápide de mármore que foi trazida do Castelo, estão as cinzas de Estácio de Sá e na parede, à esquerda, o marco zero, comemorativo da fundação da cidade do Rio de Janeiro, isso mesmo o marco zero da nossa cidade e as cinzas do nosso fundador, estão em solo tijucano, quanto orgulho.

FLORESTA DA TIJUCA E ALTO DA BOA VISTA

"Conheceis, por acaso, a Floresta da Tijuca? Mui naturalmente não, pois a população do Rio Janeiro, por mais inteligente e ilustrada que seja, no geral se distingue pela sua falta de curiosidade e de interesse, por quasi invencível torpor, em assumptos de arte e belleza naturaes. Ide á Floresta da Tijuca". Barão de Escragnolle

O relevo montanhoso e de difícil acesso, fez a região do Alto da Boa Vista,  que para o tijucano, são os "Alpes Tijucanos", ser intocada pelo povo nativo, os índios tupinambás. A região começou a ser frequentada apenas século XIX, pois eram organizadas excursões para o local e por volta de 1810, um francês, o Conde Gestas, comprou uma área da região e transformou no sítio Boa Vista passou a cultivar café, cana-de-açúcar, hortaliças e frutas. A imperatriz Leopoldina era uma frequentadora assídua do Sítio Boa Vista, pois ia ao local para estudar botânica. Nicolas Taunay, membro da Missão artística francesa também se apaixonou pela região e comprou o terreno de Conde Gestas posteriormente, morou na região onde hoje é a Cascatinha Taunay, na Floresta da Tijuca.

Assim formou-se o Alto da Boa Vista, nobres e comerciantes franceses que se dedicavam principalmente à cultura do plantio do café, que consequentemente ocasionou na devastação da mata atlântica. Devido a isso a cidade começou a sofrer grande diminuição da água corrente; urgia fazer  algo para melhor a situação. O imperador D. Pedro II, ordenou o replantio da floresta e Major Archer foi o escolhido para comandar esse projeto.

Para conhecer toda a Floresta são necessários muitos dias, são tantas trilhas, picos, mirantes, grutas e ruínas, que contam a história, mas como sugestão de roteiro que é possível fazer caminhando, de bicicleta ou carro, posso sugerir a parte baixa:

O pórtico de entrada da Floresta, Construído em 1943, projeto do arquiteto Vladimir Alves de Sousa;

A Ponte Job de Alcântra, localizada em frente a Cascatinha Taunay, data 1862, quando o governo imperial solicitou que ao engenheiro, Job Justino de Alcântara,  construísse esta ponte de cantaria em clássico estilo romano;

A Capela Mayrink Construída em 1855, pertenceu posteriormente ao Conselheiro Mayrink. Infelizmente a capela também traz consigo traços da escravidão. Os negros escravizados não podiam frequenta-la e com isso construíram uma cruz e um altar dentro da Floresta, para realizar seus cultos. O local chama-se Alto do Cruzeiro, e a Trilha começa da pista ao lado oposto da Capela Mayrink.

Restaurante os Esquilos, foi a residência do Barão de Escragnolle e mais tarde de todos os administradores da Floresta da Tijuca; o atual nome foi posto quando da sua transformação em restaurante. Perto dali, para quem quer se refrescar há uma pequena trilha no estacionamento, que leva a Cascata Gabriela; 

Gruta Paulo e Virginia, nome dado pelo Barão de Escragnolle em homenagem ao livro de Bernardin de St. Pierre.Por ali também é possível refresca-se nas águas da Cascata da Baronesa ou conhecer outras grutas como a dos Morcegos, Bernardo de Oliveira entre outras.

Vista do Almirante, sem dúvidas o Mirante mais bonito da parte baixa da Floresta, parece uma pintura, é possível avistar a Pedra da Gávea, a Pedra do Conde, o Pico da Tijuca e o Bico do Papagaio, mas infelizmente o local passa batido para muita gente.

Lago das Fadas, é um lago com vários eucaliptos imersos, local simples, mas que parece que saiu de um conto de fadas.

Para concluir nosso passeio pela Floresta da Tijuca o Açude da Solidão, é a saída da floresta, um lago com projeto paisagista de Roberto Burle Max, no local também é possível ver um Pau Brasil, árvore que deu nome ao nosso país.

Passeando pelo Alto da Boa vista também é possível conhecer o Museu do Açude, a casa onde residiu Castro Maya, um dos administradores da Floresta e seu lindo jardim, a trilha da Pedra Bonita, que apesar de acessarem por São Conrado está localizada no Alto da Boa Vista, as Furnas de Agassiz, talvez você já tenha ouvido falar na Estrada das Furnas, que liga o bairro ao Itanhangá, mas na região de Furnas há um tesouro escondido, infelizmente mal cuidado pelos órgãos públicos, mas que você precisa conhecer.

As Furnas de Agassiz, é um conjunto de grutas e furnas, constituída por grandes lajes de pedra, entremeadas por lagos e quedas d"água, descoberto desde os tempos da chegada da família real, descoberto por membros da missão artística dentre eles Taunay . Foi assim denominada em homenagem ao geólogo suíço Louis Agassiz, que visitou o Brasil em 1865.

Embaixo delas existia uma mesa onde o Imperador Dom Pedro II ficava contemplando a natureza. Eram muito visitadas por estudiosos e turistas. Fica junto ao leito rochoso do Rio Cachoeira e o  acesso é pela Estrada das Furnas.

Nos anos 60 e 70 ficou nacionalmente conhecido por servir de cenário para inúmeras produções do cinema e televisão como a toca da famosa Cuca da primeira versão do Sítio do Pica-Pau Amarelo da Rede Globo e também como as Minas do Rei Salomão dos Trapalhões.

Foi lá também que residiram os governantes do Rio de Janeiro em 1711, durante a segunda invasão francesa, foi construído um altar para a realização de missas pelo bispo refugiado. Por conta disso, o local foi batizado de Pedras Santas. É classificada pela UNESCO como reserva da biosfera e do mundo.

Outro atrativo para orgulhar qualquer tijucano é o Cristo Redentor, sim, o Corcovado está localizado no Alto da Boa Vista, apesar do acesso mais fácil ser pelo bairro do Cosme Velho, o Ponto Turístico mais visitado do Brasil está em terras da Grande Tijuca.

MARACANÃ, VILA ISABEL E GRAJAÚ

E por falar em privilégio, outro lugar que nos enche de orgulho e podemos falar com propriedade: "O maraca é nosso" é o estádio mais famoso do mundo. Nele é possível fazer o Maraca Tour, uma visita com duração de cerca de 50 minutos, conhecendo os bastidores do estádio, chegar perto do campo, visitar o vestiário e sentir toda emoção que um jogador sente ao pisar naquele solo sagrado. 

Fazendo esquina com o Maraca, está Vila Isabel, conhecida em todo Brasil como o berço do samba, a Vila de Noel tem na calçada da sua principal avenida, a 28 de Setembro, partituras de grandes nomes da música, construída  para comemorar os 400 anos da fundação da Cidade Maravilhosa. As calçadas assim como a de Copacabana, são feitas com pedras portuguesas pretas e brancas e formam nomes, instrumentos e músicas famosas do Rio de Janeiro, como o clássico "Cidade Maravilhosa", por exemplo. Um pouco mais recente, inaugurada em 1996, uma estátua de bronze, está sentado Noel Rosa em uma cadeira de bar, com cerveja sobre a mesa, cigarro entre os dedos e uma cadeira vazia, que convida o público a sentar-se, tirar uma foto e fazer um brinde com Noel. A estátua é uma homenagem a música Conversa de botequim.

A vila de Noel, de Martinho entre as décadas de 20 e 30 era o reduto da boêmia carioca, contudo não é só de samba que vive a Vila, o Bairro também é cercado de história.

Após Marquês de Marquês de Pombal, expulsar os Jesuítas do Brasil, a área que era a Fazenda dos Macacos, transformou-se em propriedade da Coroa Portuguesa e em 1829, D. Pedro I ofereceu aquelas terras à sua esposa, a Duquesa de Bragança.

Em 1872, João Batista de Viana Drummond,  o Barão de Drummond, comprou a Fazenda dos Macacos e pediu permissão para estabelecer uma linha de bonde com tração animal, que ligasse o centro do Rio,  fundou a Companhia Arquitetônica de Villa Izabel, para vender loteamentos,  devido as inovações do Barão, Vila Isabel tornou-se o primeiro bairro projetado da cidade do Rio de Janeiro.

A Vila também foi um espaço de ativismo pelo abolicionismo e podemos perceber traços desse período até hoje: Senador Nabuco, Visconde de Abaeté, Souza Franco, Conselheiro Paranaguá e Torres Homem, são nomes de abolicionistas e estão pelas ruas do bairro. A Avenida 28 de Setembro, foi assim batizada em homenagem à Lei do Ventre Livre, assinada pela princesa Isabel em 28 de setembro de 1871.

Para finalizar nosso tour, o bairro da Grajaú, assim como o Alto da Boa Vista tem um ar de interior no meio da cidade grande. É um bairro tranquilo com ruas arborizadas e muitas casas com jardins, que remetem as cidades da região serrana do Rio. O seu passado, como diversas regiões da Grande Tijuca também pertenceu aos Jesuítas, acredito que nessa altura da leitura já tenha percebido a preocupação do Marquês de Pombal em expulsa-los do Brasil, ele temia que os Jesuítas ficassem mais ricos e poderosos que a Coroa, e com a inteligência dos mesmos, com toda a certeza ficariam. As terras da região foram utilizadas para cultivo da cana-de açúcar.

Na década de 20, o bairro começou a ganhar sua forma atual, mais residências, ruas planejadas, no início do século XX, ganhou uma linha de bondes elétricos, que foi extinta alguns anos depois.

Fazendo Limite com o Parque Nacional da Tijuca o bairro abriga o Parque Estadual do Grajaú, o coração do bairro, com diversas espécies da Mata Atlântica, o parque é muito frequentado pelos moradores, que buscam contato com a natureza, paz e tranquilidade, além de opções de lazer como piquenique, atividade física ao ar livre, parquinho infantil e alpinismo. O ponto mais famoso do Parque é o Pico do Grajaú, ou Pico do Perdido como também é chamado, é o cartão postal do bairro, que pode ser acessado tanto pelo Parque do Grajaú como pela Floresta da Tijuca, possui forma piramidal e 445 metros de altitude, de onde pode-se contemplar a beleza da Baía de Guanabara e regiões da Grande Tijuca, seu trajeto subindo pela reserva do Grajaú leva cerca de uma hora e trinta minutos.

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