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Eleições 2020

Eduardo Paes: "Não preciso nem tecer críticas ao atual prefeito, que o Rio vai muito mal em todos os serviços"

Candidato do DEM fala de seus planos de governo caso seja eleito em novembro

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Dando continuidade à série de reportagens com os candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro, publicamos a entrevista com o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM).

Formado em Direito pela PUC-RJ, com especialização em Políticas Públicas e Governo pela UFRJ, foi eleito vereador em 1996 e, em 1998, deputado federal, tendo cumprido dois mandatos ao ser reeleito deputado, em 2002.

No ano de 2000, Paes exerceu o cargo de Secretário Municipal de Meio Ambiente da Cidade do Rio de Janeiro. Em outubro de 2008, foi eleito prefeito do Rio de Janeiro e reeleito para um segundo mandato em outubro de 2012

Por que você deseja ser prefeito (a) do Rio de Janeiro? O que te motivou a encarar o desafio?

O desejo de transformar e melhorar a vida das pessoas, tornar melhor o lugar onde moramos, foram as motivações que me levaram escolher a vida pública. Além disso, todo mundo sabe, não preciso nem tecer críticas ao atual prefeito, que o Rio vai muito mal em todos os serviços destinados à população. Evidente que o Brasil passa por um momento muito difícil, temos também a pandemia, mas essa situação de abandono, de não funcionamento dos serviços públicos, vem há muito mais tempo e não começou em 2020. E não dá para assistir de camarote a cidade perdendo empregos, a falência do sistema de Saúde, sem fazer nada. O slogan da minha campanha refletiu bem o meu espírito para encarar de novo esse desafio: "É mais que trabalho. É amor ao Rio".

Qual a importância da região administrativa da Grande Tijuca para a gestão pública. Quais seus principais projetos para a região?

A Tijuca tem de exercer um papel de protagonismo em qualquer gestão. Tanto que uma das principais obras de todo o meu governo foi feita na região, com a construção dos piscinões e o desvio do rio Joana, um sistema completo de macrodrenagem para reter as águas que vêm do maciço da Tijuca, que acabaram com os alagamentos que afligiam há anos os tijucanos. Caso receba dos cariocas a honra de administrar novamente a cidade, antes de mais nada, é preciso colocar os serviços básicos da cidade para funcionar. Há poucos dias andei pela Tijuca e vi descaso por todos os lados como lâmpadas queimadas, bueiros sem tampas, ruas sujas. Enfim, nada que seja necessário investir grandes recursos, apenas um olhar competente de um bom administrador. Mas também temos de recuperar as clínicas da família. Em parceria com o Governo do estado, temos que melhorar a segurança em toda a Grande Tijuca, que é um problema grave e também ter uma atenção especial com os moradores das comunidades. Todos esses compromissos estão em meu plano de governo.

Caso seja eleito, quais são suas propostas para a gestão da saúde no município, principalmente pelo prisma da pandemia. Até porque, se eleito, ainda enfrentará o vírus.

Em meu plano de governo tem uma série de ações que serão implementadas logo nos primeiros 100 dias. Vamos rever as regras de prevenção ao vírus, pensando na segurança das pessoas para tomar decisões com embasamento científico. E faremos isso ao mesmo tempo que preparamos as Clínicas da Família para a campanha de vacinação contra COVID-19 e iniciaremos as ações voltadas para o programa de assistência e apoio à saúde mental, com o objetivo de reduzir imediatamente a atual epidemia de depressão e ansiedade decorrentes da pandemia. Temos ainda de recompor grande parte das equipes de saúde da família e saúde bucal que perderam suas funções durante a administração Crivella, garantir o abastecimento de medicamentos e outros materiais de consumo nas unidades de saúde, retomar o funcionamento do programa Cegonha Carioca e assegurar a total transparência referentes às informações do SISREG para a população a fim de evitar as "furadas de fila" que servem para beneficiar grupos políticos específicos. E a médio prazo, mas em meu primeiro ano de governo, vou contratar mil médicos e cinco mil profissionais de saúde, além de criar o plano de carreira, cargos e salários dos profissionais de saúde em conformidade com o SUS, promover o treinamento de pelo menos 2 mil funcionários anualmente (a partir de 2022) e reestruturar as atividades de supervisão desses profissionais, a fim de garantir um melhor atendimento ao cidadão na rede pública de saúde do município.

Uma das questões que os moradores da Grande Tijuca reclamam muito é segurança pública. Durante a pandemia, inclusive, na falta de "vítimas nas ruas", tivemos furtos de cabos de aço, portões de ferro, bicicletas. O que a Guarda Municipal realizará na sua gestão?

É preciso deixar sempre claro que a Segurança Pública é uma obrigação do Estado. Mas, como prefeito, vou buscar ser um agente ativo nesta questão. Já no meu primeiro ano de mandato, vou estabelecer parcerias com o governo do Estado e a própria polícia militar para garantir mais cuidado e respeito às pessoas que vivem nas favelas durante as operações policiais. Especificamente na Guarda Municipal, vou criar um grupo de elite da Guarda Municipal que poderá usar armas letais, com o objetivo de reduzir em 20% até o final de 2023 os crimes em áreas com forte atividade comercial ou um fluxo elevado de pessoas, como ocorre na Grande Tijuca. Ao mesmo tempo, é preciso aprimorar o patrulhamento na rua, com investimentos na supervisão da rotina diária e promoção dos treinamentos especializados para toda a Guarda Municipal até 2022. E como uma política de incentivo, vou criar um sistema de premiação meritocrática vinculado à produtividade e ao desempenho dos guardas municipais.

Um dos maiores problemas vividos pelos cariocas, incluindo moradores da Grande Tijuca, é o desemprego. A pandemia fez com que tradicionais empresas, restaurantes e demais comércios fechassem as portas. O que fazer para retomar a economia no município e como ter mais ofertas de empregos na cidade?

Infelizmente, o desemprego é um problema que atinge a todas as regiões do Rio e piorou com a falta de competência e passividade do atual prefeito para resolver o problema. Mas é possível recuperar a economia carioca e voltar a gerar empregos. Nos meus primeiros dias de governo, vou promover a reabertura e evitar o fechamento de micro e pequenas empresas impactadas pela pandemia, por meio de um fundo garantidor de crédito da prefeitura e da redução de alguns impostos municipais. Assumi o compromisso com os moradores das favelas do Rio de criar frentes de trabalho para a geração de emprego e renda voltados para o empreendedorismo, a recuperação da infraestrutura local, a preservação do meio ambiente e a oferta de serviços sociais, com a volta de programas como Guardiões dos Rios, Gari Comunitário e Agente Comunitário de Saúde. E também vou adotar um programa de geração de emprego e renda voltado as mulheres chefes de família que hoje têm dificuldade de retornar ao mercado de trabalho por conta de problemas de saúde ou em razão da falta de creches ou de ensino em tempo integral para seus filhos. E a longo prazo uma das medidas será firmar uma parceria com o governo federal e a iniciativa privada, para revitalizar 300 mil m² de áreas degradadas da Avenida Brasil com a atração de novas empresas, da conclusão do BRT, e do incentivo para construção de novas moradias em seu entorno até 2023.

O Sambódromo foi alvo de polêmicas nos últimos Carnavais. O período de folia, inclusive, teve redução do investimento da Prefeitura. Sabemos o quanto ele é importante para a economia e turismo da cidade o período do Carnaval. Como será tratado o Carnaval na sua gestão? Vai ter mais investimento? E os blocos?

Precisamos observar dois aspectos. O primeiro é o conjuntural que vivemos nesta pandemia. E, o segundo, o abandono absurdo que a atual administração dedicou ao mundo do samba, que é muito mais profundo. Porque o problema do prefeito Marcelo Crivella não é o fato de ter deixado de dar o subsídio, algo que por si só é grave, mas o pior é a falta de respeito com a importância cultural do carnaval.

E ele foi covarde ao falar: "vou tirar recursos do carnaval para colocar nas creches". Isso é uma maneira de tentar colocar a população contra o carnaval. Como se R$ 10 milhões de reais tirados do carnaval fossem recuperar todas as creches.

Por exemplo, o orçamento da Educação são R$ 5 bilhões de reais e, neste caso, R$ 10 milhões de reais não iriam fazer tanta diferença. Além disso, é preciso entender e ter a compreensão de que o Carnaval é um importante ativo e que movimenta a economia da cidade.

Um Carnaval, com os blocos e as escolas de samba, chega movimentar mais de R$ 2,5 bilhões e gera milhares de empregos. O que precisa é ser gestor, saber administrar e ter compreensão institucional.

Vou dar um exemplo: na minha última gestão comprei um terreno que era do exército para erguer a Cidade do Samba 2, destinada às escolas do grupo de acesso. O local que escolhi foi justamente na Grande Tijuca, ali, ao lado do Maracanã, de fácil acesso, próximo ao Morro da Mangueira e do sambódromo.

O prefeito atual nada fez lá e esse é um projeto que precisa sair do papel. Todos precisam ter em mente que uma grande escola de samba é uma escola que também desfila. O ato de desfilar uma vez por ano é um momento mágico. Mas ele é só mais um momento mágico da agremiação.

Quando fui prefeito, me dediquei a reformar as quadras das escolas de samba porque o meu objetivo era dar sustentabilidade a elas. Porque essa dependência do poder público, de um patrono não é o ideal e as agremiações são muito maiores do que isso. O caminho ideal é o poder público oferecer condições de sustentabilidade, para que as escolas se tornem independentes.

O Rio, depois das Olimpíadas, teve o "legado olímpico" de equipamentos esportivos que foram abandonados pelo poder público. Dinheiro público que está parado. O que planeja para estes espaços?

A não utilização dos equipamentos olímpicos é mais uma demonstração da falta de competência do prefeito Crivella. Ao sair da prefeitura, deixei um plano de legado para a utilização desses equipamentos justamente para evitar que se transformassem em elefantes brancos, mas o atual prefeito mais uma vez fez com eles o que fez em toda a cidade: deixou abandonado.

Uma das metas do meu plano de governo é, por exemplo, investir na atração de novos eventos até para estimular o fluxo de turistas na cidade. O Rio é uma cidade olímpica, construiu equipamentos maravilhosos que tanto podem ser usados esportivamente quanto para a realização de shows e eventos, mas isso hoje não acontece porque quem comanda a cidade não tem a capacidade de tirar proveito desse legado.

Qual é o posicionamento do candidato sobre o Plano de Carreira dos Profissionais da Educação, o investimento na valorização e qualidade do trabalho e estrutura das escolas?

O Plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos professores foi um compromisso de campanha assumido por mim e cumprido em 2013. Fizemos um plano que na época atendeu aos anseios da categoria. Mas é claro que sempre existe algo a ser melhorado e distorções que podem ser corrigidas.

O nosso compromisso é sempre o de valorizar ainda mais o profissional de educação. Não só o profissional que está dentro da sala de aula, mas também aqueles dos setores administrativos. Além disso, nas medidas emergenciais dos meus primeiros 100 dias vamos suprir a falta de profissionais com 500 professores na rede.

E, com o objetivo de reduzir o número de alunos por sala de aula, teremos 3.000 professores até 2022, além de revitalizar a escola de Formação do Professor Carioca.

O estado do Rio tem tido, nos últimos governos, diversos casos de corrupção, com governadores cassados, presos e escândalos desvendados. Isso ocasionou uma 'falência' que resultou num pedido de recuperação fiscal. E há informações que o município também poderá ter problemas de fluxo de caixa. O que fazer para que a corrupção não se instale no seu governo e como fazer para o município arrecadar mais e evitar o mesmo caminho do Estado?

Assumi em meu plano de governo o compromisso de implantar um sistema de transparência, auditoria e ética pública, o "Rio Sem Desvios", até o fim de 2021, garantindo todos os recursos e instrumentos necessários ao combate à corrupção dentro da Prefeitura.

Em relação à arrecadação, lembro que durante os meus oito anos de Governo sempre mantivemos um grau de investimento alto e as contas em dia e em equilíbrio. Respeitamos as regras fiscais, como por exemplo, a principal e mais ampla delas, a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Que recado deseja falar para os eleitores do Rio. Por que sua chapa é a melhor opção para o município?

Todo o cidadão, até o mais crítico a mim, sabe o quanto me dediquei nos oito anos que fui prefeito. Como já ressaltei, a possibilidade de melhorar a vida das pessoas me motiva e faz com que não tenha medo de qualquer desafio. Enfrentei duas crises mundiais na prefeitura: em 2009 e em 2015-2016. A maior recessão da história do Brasil. E nesses dois períodos, a Prefeitura do Rio manteve investimentos, contas ajustadas, emprestou dinheiro para o Estado na Saúde e pagou o servidor em dia.

Novamente, temos um momento complexo com a crise econômica, pandemia e gestão incompetente. Mas tenho a certeza de que a gente consegue organizar as contas da prefeitura, buscar soluções para reerguer a cidade e dar uma virada nessa situação. Não podemos ter outro aventureiro e incompetente sentado na cadeira da prefeitura. Já mostrei que tenho capacidade, realizei e afirmo que o meu melhor governo está por vir.

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