Aproximadamente quatro meses após a Stock Car realizar uma etapa no autódromo montado em uma das pistas do Aeroporto do Galeão, na Zona Norte do Rio, um grupo de empresários anunciou a construção de uma pista na cidade de Itatiaia, no Sul Fluminense. Na última segunda-feira (15), tal grupo apresentou ao público o projeto do Itatiaia Motor Park, uma área que deve contar com pista de corrida automotiva, kartódromo e circuito de terra para eventos como rali e motocross.
Ainda de acordo com a apresentação, o pontapé inicial será já no mês que vem, em setembro, com a montagem de uma pista de motocross e a realização do Festival Cultural da Primavera. Na sequência, as obras para o autódromo devem ter início de fato, com a conclusão prevista para abril de 2024.
Piloto quatro vezes campeão da Stock Car e responsável por denominar a pista montada no Galeão, Cacá Bueno era um dos pilotos que defendia a construção de um circuito em alguma cidade do estado do Rio. Citando o circuito do Velocitta, em Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, como exemplo, ele explica os benefícios que um autódromo pode trazer para a economia fluminense.
"Uma das saídas para o automobilismo no Rio de Janeiro era justamente construir um circuito no interior, de preferência em uma cidade com vocação turística, para criar vida esportiva e ter eventos em um período onde a rede hoteleira costuma ter baixa ocupação, como de maio a outubro. Só para você ter ideia, o autódromo de Mogi Guaçu tem mais de 200 dias no ano fazendo eventos de diversos tipos, automobilísticos, empresariais, corridas de rali e até culturais. E olhe que lá não é uma cidade turística", comentou Cacá.
Críticas ao projeto de Deodoro
Em 2018, uma informação publicada pelo jornalista Fred Sabino, que escrevia à época para o portal globoesporte.com (atualmente o profissional está na TV Bandeirantes) falou sobre um projeto elaborado pela empresa Rio Motorpark para a construção de um autódromo em Deodoro, na Zona Oeste do Rio. O terreno onde seria construída a pista era um campo de treinamento do Exército desativado e que ficava na Floresta do Camboatá. O formato do circuito foi criado pelo projetista alemão Hermann Tilke.
Cercado de muitas polêmicas, desde a questão ambiental à falta de garantias financeiras concretas por parte do consórcio Rio Motorpark, o projeto foi definitivamente sepultado em novembro do ano passado, quando a Câmara Municipal do Rio aprovou que a área virasse o Refúgio de Vida Silvestre (Revis).
Para Cacá Bueno, a ideia de Deodoro foi errada desde o início por questões de logística e segurança. Além disso, classificou o projeto como "tampão".
"Deodoro foi um tampão que toda vez que alguém criticava a destruição do autódromo de Jacarepaguá sempre tinha algum governante que dizia: "Estamos tentando Deodoro. Só falta uma licença ambiental". Mas era um projeto que jamais sairia. Não tinha o menor sentido por uma série de questões. Algumas delas são a insegurança do entorno e a certeza de que a Fórmula 1 jamais iria sair de São Paulo para Deodoro. Aliás, nem nós, pilotos, pedimos que se construísse uma pista naquela área", comenta o piloto para depois acrescentar.
"Jacarepaguá, apesar de não ter a Fórmula 1, recebia Fórmula Indy, Stock Car, Porshe Cup, Copa Truck, Moto GP, GT3, corridas de bicicleta e a pé. Também tinha carnaval fora de época, treinamento de taxista e até treinamento de polícia e bombeiro. Além disso, frequentemente tinham eventos automotivos, com a presença de inúmeras montadoras. Todos os dias tinham eventos ali. Deodoro nunca teria esse tipo de evento pelo simples fato de nenhum executivo da Mercedes, Ford, Ferrari ou Lamborghini se sentir seguro em ir lá numa quarta-feira comum, por exemplo. Eles não vão até lá. Ali teria policiamento reforçado para Stock Car ou Copa Truck. Mas para os eventos rotineiros, não. Eu sei da cidade onde moro. Vão entrar milhões em equipamentos ali, dormindo terça, quarta e quinta-feira de noite próximo da Avenida Brasil? É impossível! Sou nascido e criado no Rio. Então sei bem que essa realidade não existe", enfatiza.
A previsão é que a pista principal do Itatiaia Motor Park tenha 4200 de extensão com 22 curvas. Curiosamente, o trajeto lembra em parte o extinto Circuito Nelson Piquet, em Jacarepaguá, demolido em 2012. A expectativa é que o total de investimento chegue a R$ 80 milhões. Além disso, o circuito deve ser construído em uma área de cerca de 770 mil metros quadrados e seria para receber corridas de Stock Car, Porsche Cup e Formula 4.